A Inteligência Artificial (IA) tem se tornado uma das áreas mais relevantes e sensíveis nas relações diplomáticas internacionais, gerando debates intensos sobre segurança, privacidade, soberania digital e o impacto de novas tecnologias nas nações. A recente proibição do aplicativo de IA DeepSeek em países como Austrália, Itália e Taiwan (para uso governamental), bem como as declarações de líderes internacionais, evidenciam as tensões e os riscos associados ao uso de tecnologias de inteligência artificial no cenário global.
Segurança de Dados: o que levou à proibição do DeepSeek?
O caso do DeepSeek ilustra como as preocupações com a segurança nacional e a soberania digital têm levado governos a adotar medidas drásticas contra determinadas tecnologias. A Austrália, por exemplo, baniu o DeepSeek de todos os dispositivos governamentais devido a temores sobre riscos de segurança associados ao uso do software, especialmente no que tange ao controle de dados sensíveis. A decisão do governo australiano, que inclui a remoção obrigatória de todas as instâncias do aplicativo de dispositivos do governo, visa proteger a integridade dos sistemas de informação e garantir a segurança dos dados nacionais. A alegação de que a plataforma representa um “risco inaceitável” para a tecnologia do governo destaca o impacto da IA na segurança de uma nação em um cenário onde a cibersegurança é cada vez mais uma prioridade estratégica.
Além disso, outras nações, como a Itália e Taiwan, também seguiram o exemplo, implementando restrições ao uso do DeepSeek em seus territórios. A Autoridade de Proteção de Dados Pessoais da Itália foi particularmente rigorosa ao proibir a operação do aplicativo no país, alegando preocupações com o tratamento de dados pessoais de cidadãos italianos. Tais ações refletem uma crescente desconfiança em relação a empresas de tecnologia que têm conexões com governos estrangeiros, especialmente quando se trata de países com sistemas de governança diferentes.
A Resposta Chinesa
Por outro lado, as tensões em torno do uso da IA também geram discussões sobre a fragmentação tecnológica e seus impactos negativos nas relações internacionais. O embaixador da China na ONU, Fu Cong, defendeu a cooperação entre os Estados Unidos e a China nas áreas de IA e tecnologia, ressaltando que a fragmentação dessas tecnologias aumentaria os riscos e reduziria os benefícios para todos os países. Ele questionou a lógica de banir tecnologias como o DeepSeek, o TikTok e a Huawei, afirmando que a exclusão de empresas de determinados mercados prejudica a inovação global e pode gerar uma divisão ainda maior entre nações.
Essa visão ressalta a complexidade da questão, pois embora as preocupações com segurança e privacidade sejam legítimas, a ausência de uma abordagem colaborativa pode resultar em uma corrida tecnológica de exclusões, onde os países isolam uns aos outros, prejudicando a cooperação internacional que é crucial para enfrentar os desafios globais. Em um mundo interconectado, a fragmentação das inovações tecnológicas pode levar a um cenário em que o progresso global se vê limitado pela falta de troca e colaboração.
As questões envolvendo IA nas relações diplomáticas não se limitam à segurança ou à privacidade, mas também se estendem a disputas sobre poder e influência tecnológica. À medida que os países se tornam mais dependentes de tecnologias de IA para impulsionar suas economias e fortalecer suas capacidades militares, a corrida pela liderança em IA se torna um componente essencial da competição geopolítica. As nações buscam não apenas defender seus próprios interesses, mas também garantir que suas políticas em relação à IA influenciem as normas e regulamentações internacionais - como na proibição de um aplicativo ou ferramenta em um país.
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Quer saber mais sobre a Inteligência Artificial chinesa que está influenciando tanto a política internacional? Então dê uma lida no nosso artigo de semana passada: Conheça o fundador do DeepSeek, app chinês que está revolucionando o mercado da IA
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